Serão as categorias esquerda e direita aplicáveis ao melodrama? Julgo que sim. Rachel Getting Married (Jonathan Demme, 2009) é um grande melodrama de esquerda. E Two Lovers (James Gray, 2008) um melhor melodrama de direita. No primeiro filme, a par do óbvio ambiente liberal, há uma série de pequenas revoluções de argumento. Saltos lógicos mas bruscos que apanham desprevenido o espectador médio deste género de fitas (o flirt que se anuncia longo entre Anne Hathaway e Mather Zickel é abreviado por uma queca dada na garagem poucos minutos depois de se conhecerem). Já em Two Lovers, predomina a ideia de resignação. Não da resignação como impotência ou passividade, mas da resignação com a realidade. A realidade é quem mais ordena. E como nem sempre pula e avança, no fim, é com ela que nos temos de deitar.