The return of the foreseeable future

Em 1966, Susan Sontag estava convencida de que a America era um país essencialmente racista. Hoje, se fosse viva, diria talvez que a America é, apesar de tudo, um país racista. A questão, porém, não é como Susan Sontag via ou veria hoje a America. Na década de sessenta, com o Ku Klux Klan, a segregação e o civic rights movement a dar os primeiros passos, não era de todo idiota pensar-se num país racista. Mas, nesse mesmo ano também não seria absurdo pensar-se que a América, muito provavelmente, acabaria por ser o primeiro Estado de maioria branca a eleger um presidente não-branco. Talvez não num futuro tão à vista. Mas, ainda assim, o primeiro.
O que me leva a pensar que as previsões - sobre grandes questões da humanidade ou sobre as coisas mais prosaicas - são, em grande medida, um reflexo dos nossos preconceitos. Mais, uma tentativa de legitimar o nosso presente. Aquilo que somos, pensamos, as nossas apostas, teses e posições filosóficas, a forma como fazemos isto ou deixamos de fazer aquilo. Susan Sontag não estava errada. O futuro é que, ao tornar-se efectivamente visível, se esteve a marimbar para o que ela tinha dito. Numa altura em que somos bombardeados a toda a hora com previsões, este é um exemplo a ter em conta.