Há várias consequências óbvias e fundamentais do que aqui e aqui escrevemos sobre a distinção de planos entre responsabilidade política e responsabilidade criminal.
Uma delas é que, para efeitos políticos, as technicalities processuais não contam. Se se torna publicamente conhecido um facto politicamente relevante, ainda que recolhido através de um meio de prova ilegal, não podem deixar de ser retiradas todas as consequências políticas. Mesmo que do ponto de vista penal nada possa ser usado.
Desconheço se escutas do processo Face Oculta são lícitas ou ilícitas. Desconheço os pormenores, mas os pormenores só interessam para o processo penal.
Também não conhecemos o conteúdo de todas as conversas entre Armando Vara e o primeiro-ministro, mas sabemos que tiveram esta (noticiada pelo Correio da Manhã e não desmentida):
Será que é mesmo necessário esclarecer a validade processual das escutas para que se possa tomar posição política sobre o seu conteúdo? Será que ninguém está preocupado com o significado político destas manobras?
Isto confirma muitas suspeitas sobre as relações entre o primeiro-ministro, bancos e grupos de comunicação social.
Esta conversa ilumina cantos bem escuros do nosso regime.