A insustentável leveza do não-ser

O que mais espanta neste período pós eleições é a excessiva relevância que gente de bom-senso está a dar ao chamado passos-coelhismo. É certo que Passos Coelho (o próprio, com o ar grave que as circunstâncias sempre lhe impõem), à força de tanto se pôr em bicos de pé e de boleia com a condescendência dos media, lá tem conseguido alimentar alguma existência. Mas tal não parece suficiente para que um "ismo" da sua figura assuste por aí além. O que é o 'passismo' para além do Passos? Seis assessores à procura de um emprego; a redação do DN; umas quantas figuras de terceiro plano do partido; o enorme castor Ângelo Correia? Tirando este último - que tem vida própria e agenda específica - ninguém justifica grande maçada, menos ainda vagas de fundo ou coligações negativas. Se eu fosse do PSD e quisesse evitar uma futura liderança de Passos Coelho parava de alimentar a ideia de que Marcelo é o único capaz de lhe ganhar. Não vá dar-se o caso de cristo ficar longe do ringue e acabarem todos engolidos pelo moinho de vento que ajudaram a criar.