A seguir ao 11/9, Bush institui uma espécie de estado de emergência (Patriotic Act) em que várias liberdades e muitos direitos foram suspensos ou limitados em nome da war on terror. Até aqui, compreende-se. Sujeitos às mesmas circunstâncias, com um mínimo de bom senso e algum realismo, muitos teriam feito igual. O problema é que este estado de excepção foi sendo prolongado por demasiado tempo até se tornar regra. E, pior que isso – é aqui que a linha de fronteira foi violada – coisas que mesmo sob um estado de excepção devem ser absolutamente excepcionais (ou inexistentes), passaram também a ser regra.
Vale a pena ler a longa carta que Andrew Sullivan dirige ao presidente Bush (publicada na última Atlantic), onde lhe pede que reconheça o maior erro da sua presidência: a autorização, mais ou menos informada, provavelmente com as melhores intenções, do uso sistemático da tortura como forma de obtenção de informações. Que reconheça, que assuma total responsabilidade e que se desculpe perante os americanos.
É um texto exemplar do ponto de vista argumentativo. Mas é sobretudo um texto justo de um homem bom. E, nessa medida, muito mais duro do que qualquer hipotética sentença de um tribunal penal internacional.