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É certo que, ainda há três meses, ele disse que sendo eurodeputado acabaria o mandato e não se candidatava à liderança do PSD. Mas isso não interessa nada: o mundo está cheio de grandes políticos que roeram a corda. Aliás, os grandes foram- -no porque roeram a corda. Quem quiser bater em Rangel por causa dessa contradição mais do que perde tempo, revela impotência. Arrumado isto, Paulo Rangel, à luz de ontem, merece que lhe prestem atenção. Apresentou-se como "solitário", diz que não passou por encontros prévios nem almoços, daí tudo começar "aqui e agora", e falou para lá dos partidos, para os portugueses. Sublinhou o irresistível apelo nacional, como todos os homens providenciais (e os pretendidos a tal) nunca se esquecem de dizer. Se queria falar diferente, conseguiu-o - sobretudo nesse partido esgotado por clãs que é o PSD. Rangel soube, ainda, descobrir a palavra: ruptura. Se eu estivesse menos atento, ontem, teria contado as vezes que "ruptura" foi dita. Mas sei que foi dita as vezes para marcar. Dito isto, os prognósticos: ou ele consegue, ou não consegue. Se não consegue, é mais um. Se consegue: ou é, enfim, um bom, ou é um muito mau, muito. Esta última hipótese ponho-a exclusivamente por causa de ontem. Mas o quê, exactamente? Está escrito nesta pequena crónica.