Eu não sei se este pseudónimo é trincheira singular ou colectiva. Mas, como sugere o FNV, distingue-se mais de um registo nos escritos da criatura. Há um "Valupi" dedicado ao branqueamento dos actos turvos do engenheiro (e que o faz com talento, considerando o apertado espartilho dos factos) e há outro Valupi que se recreia com o insulto primário no quentinho do anonimato.
O primeiro "Valupi" até se compreende. Se me dedicasse à venda daquele peixinho fresco vindo directamente da Lutécia em carro de bois, o anonimato seria uma tentação. Esse "Valupi" é fraco, mas não chega a miserável, como o segundo, o “Valupi” que insulta pelas costas.
Em resposta ao FNV, este segundo “Valupi” nega o estatuto de anónimo. Diz que tem apenas um outro nome que usa para a escrita, um nome que o seu círculo íntimo, os patrões e colegas de trabalho conhecem. Lendo-o, ficamos com uma ideia sobre quem possam ser esses patrões.
A verdade é que rodopia muito à volta da tese, mas não avança. O sapateado entretém, mas não convence. O talento deste “Valupi” não chega para furar a barreira do óbvio: o insulto anónimo é um ataque pelas costas, equivalem-se moralmente.
O anónimo não se expõe ao variado lote de consequências que pode despoletar um texto assumido. Está, para citar alguns exemplos, protegido do ridículo do texto falhado, do ódio dos visados ou mesmo de levar um processo em cima ou um uppercut no focinho. O anónimo também não fica preso ao que escreve; amanhã — ou mesmo hoje — pode vender a alma noutra freguesia do lado oposto da cidade.
O primeiro "Valupi" até se compreende. Se me dedicasse à venda daquele peixinho fresco vindo directamente da Lutécia em carro de bois, o anonimato seria uma tentação. Esse "Valupi" é fraco, mas não chega a miserável, como o segundo, o “Valupi” que insulta pelas costas.
Em resposta ao FNV, este segundo “Valupi” nega o estatuto de anónimo. Diz que tem apenas um outro nome que usa para a escrita, um nome que o seu círculo íntimo, os patrões e colegas de trabalho conhecem. Lendo-o, ficamos com uma ideia sobre quem possam ser esses patrões.
A verdade é que rodopia muito à volta da tese, mas não avança. O sapateado entretém, mas não convence. O talento deste “Valupi” não chega para furar a barreira do óbvio: o insulto anónimo é um ataque pelas costas, equivalem-se moralmente.
O anónimo não se expõe ao variado lote de consequências que pode despoletar um texto assumido. Está, para citar alguns exemplos, protegido do ridículo do texto falhado, do ódio dos visados ou mesmo de levar um processo em cima ou um uppercut no focinho. O anónimo também não fica preso ao que escreve; amanhã — ou mesmo hoje — pode vender a alma noutra freguesia do lado oposto da cidade.
O “Valupi” acusa o Pedro Lomba de "indigência mental". Ia sugerir uma comparação de percursos, de méritos intelectuais, mas não é possível... Não se sabe quem se esconde atrás do pseudónimo... Será o infame Professor António Morais ? O Padre Frederico ? Ou será “Valupi” um anagrama ? Um pequeno comboio socrático construído com as primeiras sílabas de vários nomes e com o senhor Vara a puxar ? Tudo é possível. Não sabemos. Só podemos tentar adivinhar. Nesse exercício reconheci um traço que se nos tornou familiar nestes tempos sombrios: essa técnica dialéctica tão estimada pelo nosso primeiro de nunca contestar factos ou argumentos. Essa honestíssima e leal estratégia de imputar ao oponente o que não foi dito nem insinuado, para aí fazer a festa. O “Valupi” afirma que o Pedro Lomba escreveu esta crónica despeitado com a entrega a outros dos “cargos” tradicionalmente do seu grupo sociopolítico.
Lê-se a crónica, lê-se todas as crónicas passadas do Pedro e fica uma dúvida elementar: onde é que o “Valupi” retirou do que o Pedro Lomba escreveu, disse ou fez qualquer preocupação tachista ? Onde ? A resposta é simples: em lado nenhum. Essa lógica mora na cabecinha do (ou dos) “Valupi(s)”. Essa fome amarga e carunchosa que nem mil banquetes saciam. Essa ganância furiosa que se dispõe a arriscar milhões por mais um almocinho de dez mil. Essa é a grelha com que lê o mundo. A política como luta por potes e gamelas.
Lê-se a crónica, lê-se todas as crónicas passadas do Pedro e fica uma dúvida elementar: onde é que o “Valupi” retirou do que o Pedro Lomba escreveu, disse ou fez qualquer preocupação tachista ? Onde ? A resposta é simples: em lado nenhum. Essa lógica mora na cabecinha do (ou dos) “Valupi(s)”. Essa fome amarga e carunchosa que nem mil banquetes saciam. Essa ganância furiosa que se dispõe a arriscar milhões por mais um almocinho de dez mil. Essa é a grelha com que lê o mundo. A política como luta por potes e gamelas.
Enfim, o “Valupi” tem a estatura moral de um frango depenado. Queres responder ? Identifica-te. Basta o nome, não é preciso morada. Pseudónimos são para a literatura.