Revista de Imprensa

De manhã, os jornais informam sobre as aventuras dos notáveis do PS e dos Barões do PSD. Notável diferença.

Fica a saber-se muito sobre o grau de tranquilidade amorosa com que vive uma pessoa

... pela intensidade com que actua no Facebook e companhia.

Note to self

Nunca publicar opinião sobre regras comportamentais, na amizade ou de etiqueta, por exemplo. Essas coisas que se escrevem voltam sempre para nos morder.

Sequência Clássica

Semen retentum venenum est
Triste est omne animal post coitum, praeter mulierem gallumque


Estas coincidências que a vida tem

Até há um mês atrás Sócrates assumia ter dois inimigos na comunicação social: a TVI, com Eduardo Moniz e Manuela Moura Guedes, e o Público, com José Manuel Fernandes. Posso estar a precipitar-me, mas parece que o terreno está agora aplainado. Acabou-se a maledicência, os ataques pessoais, as campanhas negras. Agora será só informação optimista. Vai ser porreiro.

Acto falhado ou situacionismo ?















Pode ter sido involuntário. Um erro honesto. Se não foi, esta legenda da RTPN, desenterrando a mitológica antropocapitalistofagia do PCP, é um intolerável caso de situacionismo. Mais grave só os sucessivos convites da SICN a Luís Delgado para representar a "direita" em debates.
Agora é preciso confiar no discernimento do eleitorado. Apesar de tudo, acho que a desinformação da RTPN não passará. As pessoas sabem que os comunistas não devoram ninguém desde o 25 de Novembro. Mais, é do conhecimento geral que, mesmo nos tempos gloriosos do PREC, nunca marchou ninguém depois do meio-dia e não se tocava em adultos. E depois, pensemos nisto, se os comunistas regressassem ao canibalismo, não seria mais verosímil que começassem pelos grandes empresários ?
















Conservador, retrógado (ou melhor, retro), orgulhosamente só. São vários os elogios que lhe podemos fazer.

Suction with Jose (sequela)

Outro destacado candidato ao prémio Suction with Jose é Rangel (Emídio); um bravíssimo e enérgico sugador socrático em todos os palcos que lhe concedem.
O interessante desta competição informal é que a recompensa do primeiro lugar é simbólica. Não há distinção material para o vencedor. Prémios recebem todos. Basta concorrer. Se virmos bem, é uma competição ideologicamente correcta. Todos ganham. É igualitário. A cada um de acordo com as suas necessidades.

Suction with Jose

Um dos aspectos mais deprimentes desta campanha é a sabujice crescente que algumas figuras mais ou menos notórias têm vindo a mostrar em relação a Sócrates. Um mistura de acriticismo com soberba e ódio mal disfarçado aos do outro lado da barricada, exibidos sob a aparência de análise política. São esforçados candidatos ao prémio suction with Jose (com pronuncia anglo— castelhana). Para já, a ex-Santanete Clara Ferreira Alves, graças às suas ruidosas participações no Eixo do Mal, vai na frente. Mas ainda faltam alguns dias para as eleições e à espreita há vários next bests. No fim, se Sócrates ganhar, vai ser interessante observar qual a recompensa para premiar tanta sucção

Our mutual friend

O nosso amigo mútuo tem um blogue onde especula sobre a amizade mano a mano. Aproveitando o contexto deste link, desafio-o a reflectir sobre a amizade em grupo ou (ainda mais a propósito e para parafrasear linguagem de trailler de cinema sem usar a palavra "fatal") sobre trios amistosos.

Onde está o "provincianismo"?

E ao segundo dia o tema mais discutido na campanha continuou a ser Espanha por causa do TGV. Sócrates bem tentou há meses que o assunto não renascesse na pior altura, quando se pudesse fragilizar. Mas Ferreira Leite arranjou maneira de o trazer de volta, sobretudo porque pretende que os portugueses olhem para Sócrates, como ela própria diz, como um “novo-rico”. Quem é que gosta de “novos-ricos”? Ninguém e menos ainda em tempos de crise. Mas também ninguém gosta de “provincianos” e não admira que Sócrates respondesse acusando Ferreira Leite de “provincianismo”, do “orgulhosamente só” que cultiva a desconfiança em relação ao progresso.

Quem também veio em socorro desta tese foi João Soares que, num comício em Faro, lembrou que Ferreira Leite foi trabalhar para o Santander logo após sair do governo e que por isso não pode dar “lições de patriotismo”. Não ocorreu a João Soares que se Ferreira Leite trabalhou mesmo num banco espanhol, isso significa que está longe de ter problemas com Espanha, tal como não sucede aos muitos portugueses que trabalham para empresas espanholas. Que conversa absurda. É nisto que dá meter as relações com Espanha no  meio do TGV: acabam todos por exibir à força o seu “patriotismo”.  E quem é aqui o “provinciano”? Fernando Pessoa escreveu uma vez um opúsculo intitulado: “O caso mental português”. Segundo ele, essa mentalidade era precisamente o provincianismo que age por imitação dos outros, do que julga mais moderno ou mais avançado, incapaz de um pensamento próprio. Pensem: no TGV onde está o provincianismo?

 

Os tempos da agenda mediática

É curioso que o poder de nomeação do primeiro-ministro pelo PR não seja um dos temas do momento. Segundo o artigo 187º da CRP o Primeiro-Ministro é nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais. Isto quer dizer exactamente o quê ? O sentido mais óbvio é evidente e até agora nunca teve de se passar disso. Foi quase sempre fácil. Tem havido maiorias absolutas de um partido ou coligação, ou maiorias relativas substanciais de um só partido. Mas o que sucede, para mencionar apenas uma hipótese, se ao lado do partido mais votado, sem maioria absoluta, houver uma coligação pós-eleitoral agregando maior número de mandatos, embora também apenas com maioria relativa ? O PR pode entregar o governo à coligação ?
Suponho que o tema está dormente porque nenhum dos contenders consegue ainda prever o que mais lhe convém. Falta a definição dos cenários. Mas o assunto vai surgir, isso é certo. E é pena que não seja discutido em abstracto. Seria saudável ver as posições definidas sobre os contornos desse poder num momento em que ninguém sabe bem o que mais lhe convém sustentar.

Acredito que, em parte, esta pequena distracção é imputável à ERC

Cheira-me que a inspiração desta parvoíce foi a visão formal sobre a igualdade de oportunidades em campanha eleitoral difundida pela ERC. Agora só falta o requerimento destes senhores aterrar na secretária de um juiz tonto, como se vão conhecendo muitos. Aí captarão mesmo a atenção de que precisam. É improvável, mas não é impossível. Nos sapatos do MMS, juntava ao processo os escritos do Professor Azeredo Soares e as directivas da ERC. Lá encontrarão sustento jurídico para a sua tese.

The return of the foreseeable future

Em 1966, Susan Sontag estava convencida de que a America era um país essencialmente racista. Hoje, se fosse viva, diria talvez que a America é, apesar de tudo, um país racista. A questão, porém, não é como Susan Sontag via ou veria hoje a America. Na década de sessenta, com o Ku Klux Klan, a segregação e o civic rights movement a dar os primeiros passos, não era de todo idiota pensar-se num país racista. Mas, nesse mesmo ano também não seria absurdo pensar-se que a América, muito provavelmente, acabaria por ser o primeiro Estado de maioria branca a eleger um presidente não-branco. Talvez não num futuro tão à vista. Mas, ainda assim, o primeiro.
O que me leva a pensar que as previsões - sobre grandes questões da humanidade ou sobre as coisas mais prosaicas - são, em grande medida, um reflexo dos nossos preconceitos. Mais, uma tentativa de legitimar o nosso presente. Aquilo que somos, pensamos, as nossas apostas, teses e posições filosóficas, a forma como fazemos isto ou deixamos de fazer aquilo. Susan Sontag não estava errada. O futuro é que, ao tornar-se efectivamente visível, se esteve a marimbar para o que ela tinha dito. Numa altura em que somos bombardeados a toda a hora com previsões, este é um exemplo a ter em conta.

Para lá do futuro prevísivel

I do not think white America is committed to granting equality to American Negro. So committed are only a minority of white Americans, mostly educated and affluent, few of whom have had any prolonged social contact with Negroes. This is a passionately racist country; it will continue to be so in the foreseeable future.

[Susan Sontag, What's happening in America/Styles of the Radical Will, 1966]

It comes with the Job ou Faz parte do serviço

Antes de tomar posse, o Mayor Carcetti foi avisado: com o cargo vem a obrigação de engolir um balde diário de merda. Nalguns dias a dose é mais carregada.
Em Portugal também não podia deixar de ser assim. MFL por exemplo, aparentemente, já engoliu vários: Santana em Lisboa, Preto nas listas nacionais e, ontem, Jardim na Madeira. A surpreendente vantagem de MFL neste exercício é que parece fazê-lo com uma enorme convicção, como se a necessidade daquelas acções desagradáveis não resultasse de um cálculo de desvantagens contra vantagens ou desvantagens maiores, mas fosse antes um imperativo moral inquestionável. É certo que estes exemplos não são moralmente iguais entre si, mas fico em todos com a mesma impressão.

E no entanto

Louçã e Jerónimo querem regressar a 75 e, explorando a crise mais os seus ressentimentos, retomar a onda de nacionalizações que dizem ter salvo à época a economia portuguesa. Indemnizações, dizem eles, só à "posteriori", como se fosse "um assunto a ver". Infelizmente para eles, a História não se repete. Em 75, Portugal podia ser uma bagunça jurídica. Hoje, o direito de propriedade está na constituição portuguesa, na convenção europeia dos direitos do homem, na carta dos direitos fundamentais da Europa, nos pactos internacionais de direitos civis, políticos e económicos e por aí fora. Louçã e Jerónimo, se bem que vivam em Marte, não podem estar contra tudo isto, pois não? 

Ir a jogo

Tanta gente inquieta com a provável recondução de Durão Barroso como Presidente da Comissão Europeia. Que ele não é homem para o cargo nem para os desafios do momento, dizem. Mas ainda não vi a esquerda europeia fazer aquilo que lhe compete: apresentar uma alternativa e ir a jogo. Seria tudo bem mais transparente; até poderiam fazer um debate entre os dois ou três candidatos, transmitido pelas televisões europeias. A Europa precisa disso mesmo: confronto. Não queremos todos o mesmo, claro está. Chama-se: política. 

Bom augúrio

Este levantamento desesperado e desastrado da fasquia já deu sorte ao PSD nas europeias. Talvez seja mesmo a pata de coelho que lhes faltava agora para as legislativas.

On generating suction

To get suction, you have to suck. É assim que lá se chega quase sempre. Outras vezes consegue-se suction without sucking. Acontece, mas depende de uma conjugação improvável de factores.

So, you got suction

A frase fatal que temos repetido entre nós nos últimos meses: se conseguiste suction with Valcheck, podes ficar descansado. 

wanna talk?

If you want to talk, you always have the guys at the diner. You don't need a girl if you wanna talk (Diner, Barry Levinson -1982).

Another kind of mutual friend (we hope)

Destra e sinistra

Serão as categorias esquerda e direita aplicáveis ao melodrama? Julgo que sim. Rachel Getting Married (Jonathan Demme, 2009) é um grande melodrama de esquerda. E Two Lovers (James Gray, 2008) um melhor melodrama de direita. No primeiro filme, a par do óbvio ambiente liberal, há uma série de pequenas revoluções de argumento. Saltos lógicos mas bruscos que apanham desprevenido o espectador médio deste género de fitas (o flirt que se anuncia longo entre Anne Hathaway e Mather Zickel é abreviado por uma queca dada na garagem poucos minutos depois de se conhecerem). Já em Two Lovers, predomina a ideia de resignação. Não da resignação como impotência ou passividade, mas da resignação com a realidade. A realidade é quem mais ordena. E como nem sempre pula e avança, no fim, é com ela que nos temos de deitar.

Our Mutual Friend

Em conversas reciprocas, qualquer um de nós pode falar do terceiro como um amigo mútuo. O nosso amigo mútuo. Parece-me um óptimo começo para um blog a três.

Porquê Suction with Valchek?

Desde logo, por ser uma expressão que fica bem na boca da humanidade, em geral, e na de José Eduardo Martins em particular.